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quinta-feira, 4 de julho de 2019

MÁGOAS E PERDÃO


Pr. David J. Merkh

"Longe de vós toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria...Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, PERDOANDO-VOS UNS AOS OUTROS, COMO TAMBÉM DEUS EM CRISTO VOS PERDOOU." (Ef 4.31,32)

De todas as tempestades que assolam a família atualmente, talvez nenhuma seja responsável por mais destruição que as mágoas. As mágoas representam ira não-resolvida. Quase sempre envolvem as pessoas mais próximas de nós. Enquanto nos indignamos quando ouvimos de tragédias acontecendo a pessoas em outras partes do planeta (terrorismo, genocida, etc.) normalmente não guardamos mágoas contra os vilões. A pessoa magoada experimenta ira contínua, fervendo um pouco abaixo da superfície da sua vida, uma ferida aberta e podre que tempo nunca cura. Talvez ela fique adormecida por um tempo, mas até que seja drenada do seu veneno fatal pelo poder curador da cruz de Cristo, mata a pessoa física e espiritualmente os poucos. As mágoas corrompem as fontes da vida.
O primeiro passo para libertação das mágoas é identificar nossa ira. Mas para alguns, não é muito “espiritual” admitir a ira. Por isso, usamos outros termos para descrever o que a Bíblia identifica, sim, como “ira”: “frustração”, “tristeza”, “decepção”, etc. (Ef 4.26,27,31).
Deus nos chama para uma vida de perdão, o mesmo tipo de perdão que Cristo nos ofereceu pela Sua morte na cruz. Somente Cristo Jesus,vivo em nós, será capaz de transformar mágoas em perdão.
Conselheiros bíblicos apontam para o fato de que a raiz de ira crônica (mágoa) muitas vezes é uma questão de nós não recebermos o que desejamos desesperadamente de outra pessoa ou situação. Esse desejo pode ser tão intenso que se torna um ídolo em nosso coração, um objeto de adoração, mais importante que Deus em nossa vida. Quando nosso desejo é bloqueado por alguém, respondemos com ira, guardamos mágoas, procuramos vingança, fofocamos ou odiamos essa pessoa que nos privou daquilo que achamos tão importante.
Se você se encontra irado por muito tempo contra alguém, especialmente alguém da sua família de origem ou família atual, reflita sobre essa questão: “O que eu desejava tanto, que fulano não me deu?” Por exemplo, alguém que foi rejeitado pelos pais ou um cônjuge pode responder, “Eu queria ser aceito.” Outra pessoa poderia responder, “Eu queria um pai presente, que brincasse comigo e se interessasse por mim.” Outra pessoa, “Eu queria que meu marido me tratasse como uma pessoa e não objeto”.
Nossa cultura de vitimização justifica ira e mágoas como respostas a situações como essas—afinal de contas, realmente somos vítimas. Mas uma cultura de vitimização nunca alcança vitória ou livramento da escravidão de mágoas. E falha por não levar em consideração a vida de Cristo em nós — Aquele que foi a maior Vítima de todos os tempos. Na cruz Ele exclamou, “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”(Lc 23.34)
Certamente não queremos minimizar ou negar o fato de que muitos entre nós SOMOS vítimas. Mas afirmamos que, mesmo assim, somos RESPONSÁVEIS pelas nossas respostas aos abusos que sofremos.
Em Mateus 18.21-35 Jesus contou a história de um servo devedor que não podia pagar uma dívida que equivalia entre 260.000 e 360.000 QUILOS de metal precioso (talvez ouro)--uma quantia que demoraria milhares de anos para quitar. O rei perdoou-lhe sua dívida, só para descobrir que o servo ingrato lançou na cadeia um conservo que lhe devia o equivalente de 100 dias de serviço de um trabalhador comum.
A moral da história? Quando realmente percebemos o tamanho da dívida que temos com Deus, TODAS as ofensas que pessoas cometem contra nós, embora reais e difíceis, diminuem em comparação. A chave está em reconhecer nossa própria dívida, e mergulharmos no amor e perdão que nosso Rei nos estendeu.
Pessoas que ainda não reconheceram o verdadeiro estado do seu coração, a profundidade do seu pecado, a miséria da sua alma diante de Deus, muitas vezes têm dificuldade em perdoar outras pessoas os males que lhes fizeram. Não entendem tamanha dívida que elas mesmas foram perdoadas e, por isso, guardam mágoas contra essas pessoas.
Muitas vezes vivo grato pelo perdão, mas não ao ponto de perdoar aos outros. Minha tendência é diminuir o tamanho da minha dívida para com Deus, imaginando que sou capaz de pagá-la, quando de fato a conta é impossível. Por isso, recuso perdoar aqueles que me magoaram. Guardo a minha ira, e responsabilizo as pessoas por satisfazerem meus desejos.
Existe alguém que eu estou responsabilizando por ter me ofendido, que eu mantenho como devedor? Guardo mágoas contra essa pessoa?
Perdoar alguém que nos abusou, ofendeu, machucou ou privou é impossível sem uma obra profunda de Jesus no coração. Só a vida dEle em nós para perdoar do coração! Mas Ele prometeu nos capacitar para fazer isso e muito mais.
Você realmente crê que Deus pode carregar a sua dor? Sarar as feridas que você recebeu na jornada da vida? Pela graça e pelo poder de Jesus, você pode confiar ao Pai aquele que fez de você uma vítima? Viver livre da ira e das mágoas envolve um evento E UM PROCESSO. Muitas vezes teremos de chegar a um ponto em que estendamos perdão “uma vez para sempre” para alguém que nos ofendeu. Mas não significa que nunca mais seremos inclinados a lembrar o que ele fez, com a possibilidade de todas as velhas emoções voltarem como furação.
“Perdoar e esquecer” soa melhor na teoria do que na prática. Para muitos é impossível esquecer de eventos traumáticos em suas vidas. Mas podem, sim, “esquecer” no sentido bíblico quando escolhem não levar em conta as ofensas do passado. É isso que a Bíblia quer dizer quando diz que Deus “esquece” de alguma coisa. Ele não deixa de ser Deus, tendo uma memória fraca. Mas Ele decide nunca mais levar em conta nosso pecado (Sl 103.10, 12). Por isso, talvez tenhamos de passar pelo processo de perdão em nosso coração repetidas vezes, escolhendo cada vez pela fé não mais responsabilizar a pessoa pelo seu pecado, morrendo momento após momento ao “direito” de vingança, e estendendo o amor e perdão de Cristo.
Também é importante lembrar que o perdão pode ser unilateral, quer dizer, podemos perdoar da nossa parte sem que a outra pessoa peça perdão, reconheça seu erro, ou aceite o perdão. Não importa tanto quanto o fato de que estendamos para ela o perdão como Cristo fez por nós.
Passos para o Perdão
O que fazer se descubro ira e mágoa em meu coração? Os “passos para o perdão” que seguem já ajudaram muitas pessoas a encontrar alegria, paz e liberdade da escravidão das mágoas. Lembre-se de que esses passos são somente parte de um processo. Não representam uma “fórmula mágica”, mas uma expressão de princípios bíblicos sobre o perdão.
1. Identificar as ofensas específicas que a outra pessoa cometeu contra mim. 
2. Arrependa-se do seu próprio pecado, confessando-o a Deus.
3. Conte o custo de não perdoar.
4. Veja a pessoa que você está perdoando pela perspectiva divina.
5. Ore pela pessoa que você está perdoando.
6. Libere as ofensas que a pessoa cometeu contra você, e cancele a dívida dele(a).
7. Reconstrua relacionamentos, dentro do possível (e sábio).
Talvez não seja possível voltar o tempo e reconstruir o relacionamento como era antes. Mas há passos concretos que podem ser tomados, tanto quanto depender de você (Rm 12.18), para reconstruir o relacionamento.

*Artigo adaptado e usado com permissão do caderno Enfrentando Tempestadesda série Construindo um Lar Cristão, David J. e Carol Sue Merkh, Ralph e Ruth Reamer (SP: Editora Hagnos). Extraído do site: www.palavraefamilia.org.br

terça-feira, 27 de junho de 2017

DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO: BÊNÇÃO DADA NA CONVERSÃO

"Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna." (Tt 3.4-7).
O contexto evangélico brasileiro é caracterizado muitas vezes por uma teologia intuitiva, em que as pessoas, via de regra bem intencionadas, inventam conceitos equivocados que acreditam ter respaldo bíblico. Isso acontece especialmente quando os crentes formulam certas conclusões doutrinárias sem a prévia construção de uma base exegética sólida. A coisa fica pior quando essas conclusões são amparadas por crenças cristãs populares que, com o tempo, se tornaram dogmas tão enraizados na cabeça do povo que questioná-las pode colocar o nome de alguém na lista dos maiores inimigos de Deus já vistos na história humana.
Esse é o caso da crença no batismo do Espírito Santo como uma segunda bênção que o crente deve buscar ardentemente após sua conversão e que deve vir obrigatoriamente acompanhado do pronunciamento de “línguas estranhas”. Muitos evangélicos acreditam nisso com todas as suas forças e defendem essas ideias como se fossem a essência do evangelho e o cerne de toda a doutrina proclamada pela igreja. Para muitos, o tal “batismo” constitui o alvo supremo da vida cristã e a razão central de suas orações, louvores, cultos e jejuns.
Nada mais longe da verdade! Em primeiro lugar, considere-se o modo como a Bíblia aborda o dom de línguas. O NT fala tão pouco sobre esse dom que chega a criar a impressão de que as igrejas da época não davam importância alguma a esse assunto. De fato, em toda sua produção epistolar, Paulo se refere às línguas somente em 1Coríntios e isso para corrigir alguns desvios. Nessa mesma epístola ele deixa claro que o dom de línguas era o menos relevante de todos (14.19) e o coloca por último nas listas de dons expostos em 12.8-10,28. Na sua segunda epístola dirigida àquela mesma igreja, Paulo sequer alude ao tema.
Também em Romanos e Efésios, onde o apóstolo faz outras listas de dons espirituais, línguas sequer aparecem. Pedro, João, Tiago, o autor de Hebreus e Judas não dizem nada sobre as línguas, fortalecendo a verdade de que toda a ênfase que os evangélicos dão a esse assunto é coisa da igreja atual sempre disposta a valorizar o que é secundário e a desprezar o que é essencial: a justiça, a misericórdia e a fé (Mt 23.23). De fato, assim como os católicos dão centralidade à eucaristia (outro tema tratado muito pouco no NT), muitos evangélicos de hoje parecem dar centralidade às línguas, sem levar em conta que nem Jesus, nem apóstolo algum, jamais atribuiu grande relevância a essa prática.
Em segundo lugar, é preciso destacar que a leitura do registro de Atos acerca das quatro ocasiões em que o Espírito Santo foi derramado com evidência de línguas (sobre os judeus, sobre os samaritanos, sobre os gentios e sobre os discípulos de João, seguindo a sequência de Atos 1.8), em nenhuma delas as pessoas envolvidas receberam o Espírito depois de tê-lo buscado ardentemente após a conversão.
Em Atos 2, os cristãos judeus aguardavam (não buscavam) em oração o cumprimento da promessa da vinda do Espírito sem ter a menor ideia de como isso aconteceria. Em Atos 8 o Espírito foi derramado sobre os convertidos de Samaria tão logo os apóstolos ali chegaram, sem que ninguém dentre os novos crentes clamasse, jejuasse, buscasse e orasse pedindo isso. Aliás, Atos 8 sequer afirma de maneira expressa que os samaritanos falaram em línguas naquela ocasião. Em Atos 10, todos os gentios reunidos na casa de Cornélio receberam o Espírito Santo enquanto ainda ouviam a pregação de Pedro, sem que tivessem a menor noção prévia do que seria aquilo. Em Atos 19, os discípulos de João também receberam o Espírito tão logo ouviram e aceitaram a mensagem completa do evangelho. Que isso acontecia assim que a pessoa cria, sem nenhuma necessidade de busca, fica evidente pela pergunta de Paulo dirigida àqueles discípulos de João: “Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes?” (At 19.2).
Nada, portanto, corrobora a ideia de que o batismo com o Espírito Santo acompanhado de línguas deve ser buscado ardentemente pelo cristão como uma segunda bênção. Na Bíblia esse ensino não existe. Na verdade, em Gálatas 3.2, Paulo até censura a ideia de que alguém possa receber o Espírito Santo por meio do esforço próprio.
Finalmente, deve-se esclarecer que o batismo com o Espírito Santo não é uma segunda bênção dada após a conversão. Em vez disso, é uma bênção “primária” concedida no momento da conversão, sem necessidade alguma de ser acompanhado de línguas “estranhas”. Em 1Coríntios 12.13 Paulo diz que “em um só Espírito todos nós fomos batizados em um corpo”. Isso significa que o batismo do Espírito Santo é a inserção do crente no corpo de Cristo, isto é, a igreja. Ora, isso acontece quando a pessoa crê no Salvador. Nesse momento, a pessoa é inserida na comunidade dos salvos, sendo este o "batismo do Espírito". Associado a esse batismo está também o derramamento do Espírito sobre a pessoa que crê. Esse derramamento, conforme se depreende do trecho da Carta a Tito transcrito acima, advém “ricamente” ao indivíduo para que ele seja salvo, experimentando “o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo”, tudo isso a fim de que “justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna”. Afinal de contas, conforme Paulo realça, “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8.9).
Fica, assim, evidente que o batismo/derramamento do Espírito Santo é concedido à pessoa quando ela se converte, não havendo necessidade alguma de ser buscado intensamente pelo crente, como ensinam por aí. Na verdade, segundo o claro ensino da Palavra de Deus, o que o crente deve buscar intensamente agora é a plenitude do Espírito, ou seja, o controle completo do Espírito Santo sobre a sua vida, promovendo louvor, gratidão, humildade, santa comunhão e frutos de justiça (Gl 5.22; Ef 5.18-21).
Non nobis, Domine
Pr. Marcos Granconato

quinta-feira, 15 de junho de 2017

COMO SURGIU A FESTA DE CORPUS CHRISTI?

O governo brasileiro extinguiu a proibição do trabalho em grande parte dos dias considerados santos pelos católicos. Entretanto, um dos feriados religiosos que ainda permanece de pé é o dia em que se comemora a festa de Corpus Christi (expressão latina que significa "Corpo de Cristo").
A festa é celebrada anualmente, mas não tem um dia fixo, ou seja, sua data é móvel e deve sempre ocorrer numa quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.
Na realidade, a observação da festa deveria ocorrer na quinta-feira da semana santa, o dia da última Ceia, mas foi transferida para outra data para que não fosse prejudicada por causa das celebrações em torno da cruz e da morte de Jesus Cristo, na sexta-feira santa.

ORIGEM DAS COMEMORAÇÕES
Tudo começou com a religiosa Juliana de Cornellon, nascida na Bélgica, em 1193. Segundo alegou, teve insistentes visões da Virgem Maria ordenando-lhe a realização de uma grandiosa festa. Juliana (mais tarde Santa Juliana) afirmava que a festa seria instituída para honrar a presença real de Jesus na hóstia, ou seja, o corpo místico de Jesus na Santíssima Eucaristia. Ainda quando era bispo, o papa Urbano IV teve conhecimento dessas visões e resolveu estendê-la à Igreja Universal, o que então já era uma verdadeira festa. Pela bula "Transituru do Mundo", publicada em 11 de agosto de 1264, Urbano IV a consagrou em todo o mundo, com uma finalidade tríplice:
  • Prestar as mais excelsas honras a Jesus Cristo
  • Pedir perdão a Jesus Cristo pelos ultrajes cometidos pelos ateus
  • Protestar contra as heresias dos que negavam a presença de Deus na hóstia consagrada

NO BRASIL
No Brasil, a festa de Corpus Christi chegou com os colonizadores portugueses e espanhóis. Na época colonial, a festa tinha uma conotação político-religiosa. É que dias antes das procissões, as câmaras municipais exigiam que as casas de moradia e de comércio fossem enfeitadas com folhas e flores. Na época, quando o Brasil ainda era uma colônia, participavam da procissão membros de todas as classes, incluindo os escravos, os leigos das ordens terceiras e os militares. Durante muitos anos, o entrosamento do povo com o governo, e vice-versa, foi praticamente completo. Um exemplo que comprova esse fato ocorreu em 16 de junho de 1808, quando D. João VI acompanhou a primeira procissão de Corpus Christi, realizada no Rio de Janeiro.

AS PROCISSÕES
O que marca a festa de Corpus Christi são as procissões, quando ocorrem as ornamentações das ruas com tapetes feitos de vários tipos de materiais, como papel, papelão, latinhas de bebidas, serragem colorida, isopor, etc. Desenhos são elaborados nessa ornamentação com as figuras de Jesus, do cálice da Ceia e da Virgem Maria. Utilizam-se toneladas de materiais para formar os tapetes vistosos e admirados pelos que acompanham as procissões.

O MAIS IMPORTANTE
O momento mais solene da festividade de Corpus Christi é quando o hostiário, onde estão depositadas as hóstias ainda não consagradas, é conduzido nas procissões por um líder da alta hierarquia católica. No momento em que o hostiário passa, um silêncio profundo é observado por todos os presentes e, de uma extremidade a outra, tocasse a sineta que anuncia a passagem do cortejo. As reações das pessoas são as mais variadas. Algumas se comovem ao extremo e choram, outras se ajoelham diante do hostiário. De ponto em ponto, há uma parada, quando, então, se entoam cânticos tradicionais. Segundo a liderança romana, as ornamentações são feitas para que o Corpo de Cristo possa passar por um local digno, para ser visto por todas as pessoas. Representa uma manifestação pública da fé na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia.

EUCARISTIA
Ensinando sobre a Eucaristia, diz a Igreja Católica:
"A Eucaristia é um Sacramento que, pela admirável conversão de toda a substância do pão no Corpo de Jesus Cristo, e de toda a substância do vinho no seu precioso sangue, contém verdadeira, real e substancialmente o corpo, o sangue, a alma e a divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, debaixo das espécies de pão e de vinho, para ser nosso alimento espiritual".
Ensina, ainda, que na Eucaristia está o mesmo Jesus Cristo que se encontra no céu. Esclarece também que essa mudança, conhecida como transubstanciação,
"ocorre no ato em que o sacerdote, na santa missa, pronuncia as palavras de consagração: 'Isto é o meu corpo; este é o meu sangue'''.
O catecismo católico traz uma pergunta com relação ao Sacramento da Eucaristia nos seguintes termos: "Deve-se adorar a Eucaristia?". E responde:
"A Eucaristia deve ser adorada por todos, porque ela contém verdadeira, real e substancialmente o mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor".

O QUE DIZ A BÍBLIA?
Os católicos procuram justificar a festa de Corpus Christi com a Bíblia citando partes dela que supostamente dão base para o dogma da Eucaristia. Os textos mais freqüentemente usados são os de Mateus 26.26-29; Lucas 22.14-20 e João 6.53-56.
Essa doutrina é contrária ao bom senso e ao testemunho dos sentidos: o bom senso não pode admitir que o pão e o vinho oferecidos pelo Senhor aos seus discípulos na Ceia fossem a sua própria carne e o seu próprio sangue, ao mesmo tempo em que permanecia em pé diante deles vivo, em carne e osso. É manifesto que Jesus, segundo seu costume, empregou uma linguagem simbólica, que queria dizer:
"Este pão que parto representa o meu corpo que vai ser partido por vossos pecados; o vinho neste cálice representa o meu sangue, que vai ser derramado para apagar os vossos pecados".
Não há ninguém, de mediano bom senso, que compreenda no sentido literal destas expressões simbólicas do Salvador. A razão humana não pode admitir tampouco o pensamento de que o corpo de Jesus, tal qual se encontra no céu (Lc 24.39-43; Fp 3.20-21), esteja nos elementos da Ceia.
Biblicamente, a Ceia é uma ordenança e não uma Eucaristia; era empregado o pão e não a hóstia; é um memorial, como se lê em 1 Coríntios 11.25,26, e sua simbologia está em conformidade com o método de ensinamento do Senhor Jesus, que usou muitas palavras de forma figurada: "Eu sou a luz do mundo" (Jo 8.12); "Eu sou a porta" (Jo 10.9); "Eu sou a videira verdadeira" (Jo 15.1). Quando Jesus mencionou na última Ceia os elementos "pão" e "vinho", não deu qualquer motivo para se crer na transubstanciação.
Não se engane, adorar a Eucaristia também é um ato de idolatria!

Autor: Natanael Rinaldi - Divulgação: A Palavra Virtual Estudos Biblicos Evangélicos

terça-feira, 30 de maio de 2017

FESTA JUNINA - UM CRENTE EM JESUS DEVE PARTICIPAR?

Meditemos: deve o crente em Jesus participar das comemorações alusivas à festa junina? Bem, creio que uma pessoa cristã evangélica não deve participar das chamadas festas juninas ou “festa dos santos populares”.
Este último nome exprime tudo. A partir do ensino das Escrituras Sagradas os crentes em Jesus não celebram, homenageiam, louvam, cultuam, exaltam ou adoram seus conservos (Cl 4.7), mas unicamente a Deus. Nem mesmo anjos merecem esse tipo de veneração (Ap 19.10; Ap 22.9). Esta comemoração é cristã romana e não envolve o movimento evangélico. É celebrada por católicos romanos e não por crentes em Jesus. É cultura? Sim, porém, romanizada, paganizada. A mistura, o sincretismo religioso, é perigoso e danoso.
Comemorada em muitas partes do mundo, tal festa aparentemente pagã foi cristianizada na Idade Média aplicada a São João, por isso, Festa de São João (festejado em 24/06). O conceito cristão romano incorporou ainda São Pedro, São Paulo (ambos celebrados em 29/06, festa litúrgica também chamada “Solenidade dos Santos Pedro e Paulo”) e Santo Antônio (comemorado em 13/06).
A veneração de santos é parte fundamental da teologia católica romana. Crentes no Senhor Jesus não veneram ou preiteiam santos. Fogem da idolatria disfarçada de homenagem. Seguem os mandamentos de Deus em Ex 20.3-5: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem”.
A festa junina remete a teologia romana dos santos. Os cristãos evangélicos enaltecem Cristo como o único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5). Como ensinou o Mestre em Lc 4.8, “está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele darás culto”.
O próprio homenageado nas festas juninas, o conservo Paulo, ao abordar a mistura entre os cristãos de Corinto e as festas pagãs celebradas a outros ídolos, ensinou: “Que digo, pois? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios” (1 Co 10.19-22).
Pense! O secularismo tem sido o responsável pela minimização da não-participação de evangélicos nesse “lazer” e/ou pelos chamados “arraiais gospel”. Se é lazer, é desdourado pela teologia romana. Se é “estratégia” não é coerente com o ensino bíblico.
No ambiente familiar os pais devem orientar os filhos sobre o significado desta Festa. Como crentes, devemos ensinar e não permitir a participação ou participarmos desta festa cultural romana. É verdade que as festas juninas pós-modernas não enfatizam tanto a veneração aos santos como antes, todavia, não é mentira que a festa é destinada a venerá-los. Os cristãos evangélicos devem fugir destes festejos!
E uma festa caipira? Bom, realizar esta festa nesse tempo criará uma associação com a festa romana. Cristãos verdadeiros precisam ser associados aos valores bíblicos eternos e não a festas romanas universais. O ideal é que a festa caipira, como uma festa temática, aconteça em outros meses do ano. Essa é uma posição moderada, prudente.
Fogueiras, pipoca, pé-de-moleque, danças, bolos de fubá, quebra-queixo, canções, canjicão e outros símbolos foram incorporados a festa romana, mas, em si, não são vedados. São resultado da obra criativa de Deus em nós. Devem ser recebidos com ações de graças (1 Tm 4.3-4). O único cuidado necessário é recebê-los fora do ambiente das festas juninas.

Ângelo Vieira da Silva – ultimato online

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

NOITE DE PAZ

Norbert Lieth
A história do hino de Natal, “Noite de Paz”, demonstra como Deus age através dos fracos e oferece Seu Evangelho livremente para todas as pessoas.
O hino “Noite de Paz” também é conhecido como o “hino eterno”. Certamente não existe nenhum hino de Natal que seja mais conhecido do que este. No entanto, não há nenhum renomado autor ou compositor mencionado com ele, nem foi apresentado originalmente por algum cantor famoso, e mesmo assim ele conquistou o mundo todo. Hoje ele é cantado em todos os continentes e já foi traduzido para mais de 330 idiomas e dialetos. É quase impossível imaginar um Natal sem “Noite de Paz”!
O início de tudo foi o seguinte: o texto do hino foi composto já em 1816, pelo bispo auxiliar Joseph Mohr, em forma de poesia. No entanto, ela foi apresentada somente dois anos depois, em 24 de dezembro de 1818, na Igreja de São Nicolau, em Oberndorf, Salzburgo. É dito que o órgão da igreja estava sem condições de ser tocado. – Todavia, 24 de dezembro estava aí e era necessário encontrar uma solução. Assim, Joseph Mohr teria levado o seu texto ao professor da escola – Franz Gruber – com a solicitação de que ele compusesse uma melodia para dois solistas juntos com o coral e acompanhamento de violões. Ainda na mesma noite, Gruber trouxe sua simples composição, de modo que pôde ser apresentada na igreja, na noite de Natal, tendo sido muito aplaudida. Para esta mensagem de paz, originalmente formada por seis estrofes, Mohr fez o contracanto e acompanhou ao violão e Gruber cantou a pauta do barítono. Havia nascido um hino de Natal que, a partir daí, faria sua caminhada através do mundo para sensibilizar os corações de muitos.
Cerca de 1.800 anos antes, Jesus havia profetizado que o Seu Evangelho seria espalhado por todo o mundo. Para isso, até esse hino ajudou. Criado a partir de uma dificuldade, porém, dirigido pelo Espírito de Deus, esse hino alcançou fama mundial. A grandiosidade de Deus se torna visível nessa peça relativamente simples.
Certamente esse hino não teria sido aprovado no X Factor ou no The Voice, mas a Palavra de Deus diz: “Porque, quem despreza o dia das coisas pequenas?” (Zc 4.10 – ACF). Ele pode transformar algo incerto em grandioso. A mensagem de paz e de salvação de Jesus Cristo encontra mil maneiras para alcançar os corações – tão grande é o amor de Deus pelo mundo!
A primeira estrofe fala da paz celestial.* Deus conhece a inquietação que marca cada pessoa. Quem ainda conhece essa verdadeira paz? Conheço um morador de uma cidade que, estando em férias nos montes da Suíça, manteve ligado o motor do carro durante toda a noite porque não conseguia suportar a paz, o silêncio. Quem nunca ficou inquieto quando seus pensamentos o lembraram de antigas injustiças? O pecado e a culpa nos tiraram a paz, o homem se tornou um fugitivo. Corre-se através do mundo e experimenta-se de tudo. Nossa alma, porém, permanece inquieta em nós até que consiga encontrar a paz em Deus. Foi por isso que Jesus nasceu: para nos trazer de volta aquilo que havíamos perdido. Jesus Cristo expressa isso da seguinte maneira: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês” (Mt 11.28).
Noite de paz! Noite santa!
Todos dormem. Só a vigiar
Está o santo casal.
Ao meigo bebê de cabelos ondulados,
Durma na paz celestial!
Durma na paz celestial!
A segunda estrofe demonstra como chegou a hora da salvação para nós, através do nascimento de Jesus. As palavras “a sua hora chegou!” normalmente soam para nós de uma maneira negativa e pensamos inevitavelmente no nosso fim, mas neste caso significa o início para uma nova vida. “Quem abre espaço para Jesus no centro de sua vida, que recebe o Natal em seu coração, logo constatará que não precisa renunciar a nada, mas recebe tudo” (Karl Rüdiger Durth).
Noite de paz! Noite santa!
Ó Filho de Deus. Quão lindo
O sorriso em Tua boca divina,
Trazendo-nos a hora da salvação.
Jesus, com Teu nascimento!
Jesus, com Teu nascimento!
Na terceira estrofe – baseando-nos no texto e numeração original – lemos, entre outros: “Noite de paz! Noite santa! Que trouxe salvação ao mundo [...]. Jesus, em forma humana”. A maior ação redentora de Deus, a salvação do mundo, teve um início muito pequeno com a encarnação do Filho de Deus.
Noite de paz! Noite santa!
Que trouxe salvação ao mundo,
Desde as alturas douradas do Céu
Deixando-nos ver a plenitude da graça.
Jesus, em forma humana!
Jesus, em forma humana!
Certa vez, havia um menino que, acompanhado de sua avó, estava admirando um presépio. Ele observou a estrebaria, os pastores, José e Maria, os animais e os magos do Oriente. Quando o garoto viu a minúscula figura de um bebê, que representava o Senhor Jesus, ele exclamou, admirado: “Vovó, olhe só como Deus é pequeno!” Haveria alguma maneira melhor para representar o ilimitado grandioso amor de Deus, do que pelo fato de que o Eterno, o Criador de todas as coisas, tornou-Se bem pequeno?
A quarta estrofe homenageia o amor de Deus dedicado a todos os povos: “Noite de paz! Noite santa! Onde hoje todo o poder do amor de Deus foi derramado. E, como irmão carinhoso, abraçou Jesus aos povos do mundo! Jesus, aos povos do mundo!”
Essa estrofe destaca aquilo que a Bíblia diz no Evangelho de João 3.16: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Cada pessoa desse mundo é alvo do amor de Deus –você também!
Noite de paz! Noite santa!
Onde hoje todo o poder
Do amor de Deus foi derramado.
E, como irmão carinhoso, abraçou
Jesus aos povos do mundo!
Jesus, aos povos do mundo!
O soldado Nico Ossemann, que participou da campanha da África durante a Segunda Guerra Mundial, relatou sobre um fato especialmente interessante ocorrido no front, em 1942:
“Entre Natal e Ano Novo, a situação estava bastante calma em nossa área do front. Parecia que os dois arraiais haviam combinado um cessar-fogo para homenagear a grande festa. Por volta da meia-noite, ouviu-se a melodia do “Noite de Paz”, vinda de vários pontos de nossa base. Em seguida, ouvia-se nitidamente esse hino cantado em francês, nas fileiras do outro lado. Pouco tempo depois, ouvíamos primeiramente vozes tímidas, mas aos poucos se fortalecendo, cantando a versão inglesa “Silent Night, Holy Night”. Os três coros natalinos se uniram em um só coro, elevando aos Céus o anseio único pela paz, pela família e pela pátria. Muitos desses homens não conseguiram evitar as lágrimas. Naquela noite não consegui fechar os olhos, mesmo que não houvesse nenhum sinal de alerta, nem de perto, nem de longe. Ficou claro o anseio pela paz manifestado por aqueles homens postados na frente da batalha.”
A quinta estrofe descreve a promessa de Deus para a preservação do mundo através da Vinda de Jesus. Preservação da condenação eterna através do perdão. Nenhuma religião do mundo pode oferecer o que todos nós necessitamos com tanta premência: libertação da culpa, preservação diante das consequências eternas. É maravilhoso saber que podemos nos livrar dos pecados, não importando quantos e quão pesados sejam!
Noite de paz! Noite santa!
Há muito a nós destinada,
Quando Deus, libertando da ira,
Já no tempo obscuro dos pais,
Prometeu redenção a todo o mundo!
Prometeu redenção a todo o mundo!
Finalmente, a sexta e última estrofe mostra como a mensagem da “Noite Santa” foi primeiramente transmitida pelos anjos aos pastores e então alcançou as pessoas de longe e de perto: “Jesus, o Salvador chegou! Jesus, o Salvador chegou”. Esse cântico de louvor dos anjos foi a partida (a ignição para acionar um motor) para a mensagem “Jesus, o Salvador chegou”. Desde então, ela foi transmitida em milhares de maneiras, entre outras, também através deste hino de Natal “Noite de paz”.
Noite de paz! Noite santa!
Primeiro anunciada aos pastores,
Pelo “aleluia” dos anjos,
Segue em alto som, perto e longe:
Jesus, o Salvador chegou!
Jesus, o Salvador chegou!
Ainda hoje esse hino une as pessoas através do mundo, e expressa aquilo que há no coração de cada pessoa – o profundo anseio pela paz!
Jesus, o Salvador chegou! O Natal não é apenas um sonho para os sonhadores, um conto de fadas para as crianças, mas é a grande realidade proporcionada por Deus. “Quem abre espaço para Jesus no centro de sua vida, que recebe o Natal em seu coração, logo constatará que não precisa renunciar a nada, mas recebe tudo.” (Norbert Lieth — Chamada.com.br)

* O hino foi traduzido fielmente do original em alemão.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

SEJA HOMEM!

Pr. Davi Merkh
Hoje em dia, há diferentes tipos de moda para os homens. Uns querem um estilo “lenhador”, com uma barba grande e desenhada. Outros optam por deixar seus cabelos grandes, com looks modernos e arrojados. Mas, enquanto cresce a procura por uma aparência dentro da moda, temos deixado de lado nossa aparência interior. Podemos ser estilosos ou mostrar que “somos tão másculos”, que andamos de qualquer forma. Em ambas as experiências temos deixado de olhar para o que é realmente importante. Temos deixado de lado os atributos que deveriam compor um homem de verdade. Nas igrejas, escolas, empregos, famílias etc, temos visto meninos ocupando funções de homens. Digo meninos por terem atitudes de meninos e não de homens, como não se importarem, não estarem sensíveis às necessidades a sua volta, por serem preguiçosos e acomodados. Por isso, convido você a olharmos para a vida de Jesus Cristo, o Deus-homem, que nos deixou um exemplo de masculinidade que deve ser perseguido por nós (1Jo 2.6)!
Irei expor quatro áreas da vida de Cristo que, na minha concepção, demonstram virtudes que deveriam compor o caráter de um homem, então leia e seja desafiado!
AMOROSO
Cristo foi alguém plenamente amoroso. João 3.16 deixa claro que Deus amou o mundo, e Cristo faz parte desse amor, pois ele vem para demonstrar o maior ato de amor na cruz. Mas o que podemos ver também, é que Cristo não demonstrou esse amor só na cruz, ele se relacionou com pessoas de um modo amoroso. Talvez a mulher samaritana seja a que melhor represente isso (Jo 4.19-30). Ele não levou em conta sua cidadania, nem sua vida pecaminosa ou o olhar que a sociedade tinha sobre ela. Ele se assenta ali, no poço, e simplesmente demonstra amor pela forma com que se interessa pelos problemas que ela tem, oferecendo a cura para eles. Cristo se mostra atencioso e cuidadoso com aquela mulher, algo que tem se tornado cada vez mais raro. Normalmente queremos ser amados, mas Cristo nos convida a amar aos outros. E esse amor dele fica mais claro ainda em Mateus 22.39, quando o mesmo coloca como primeiro mandamento o amor para com Deus (Mt 22.37-38) e, logo em seguida, atenta para o segundo: “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Mt 22.39). A partir disso, ele manda que tiremos por medida o nosso amor para com os outros, a partir daquilo que queremos para nós mesmos! Mas pela sequência que é colocada no texto, fica claro que nós só amaremos as outras pessoas e nos importaremos com elas se, em primeiro lugar, procurarmos amar a Deus “de todo nosso CORAÇÃO, de toda a nossa ALMA e de todo o nosso ENTENDIMENTO”.
SERVO 
Vivemos em um século no qual só nos dispomos a realizar tarefas se tivermos algo em troca. Precisamos entender que servir a Deus é uma resposta de gratidão diante da maior recompensa que poderíamos receber, a vida eterna. Em João 13, vemos Jesus dando um grande exemplo de serviço. Enquanto os discípulos discutiam sobre quem seria o “maior” no reino dos céus (Lc 22.24-30), Jesus pega uma bacia, envolve-se com uma toalha e se dispõe a fazer uma função que na época era realizada pelos servos. No final, para quebrar o orgulho dos discípulos e conduzi-los a um serviço abnegado, ele diz: “Digo-lhes verdadeiramente que nenhum escravo é maior do que o seu senhor, como também nenhum mensageiro é maior do que aquele que o enviou. Agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem". (Jo 13.16-17). Ele coloca o servir, como condição de felicidade. Talvez isso pareça estranho, mas essa felicidade corresponde a uma evidência do amor pelo Pai, pois a alegria sempre está ligada à nossa obediência a ele. Como homens, temos prazer em sermos servidos, mas Cristo pede que deixemos isso de lado e sirvamos aos outros. Que saímos da nossa comodidade e façamos a diferença na vida das pessoas, tendo um ato inesperado. E aqui eu me recordo de uma frase do Sr. Davi Cox (Fundador do Seminário Bíblico Palavra da Vida, no Brasil), que diz assim: “Quem não serve, não serve!”.
LÍDER
Cristo foi o maior líder que o mundo poderia ter conhecido. Sua liderança fica clara por meio das pessoas que foram alcançadas, do número de seguidores que ainda hoje o acompanham, e da maneira profunda com que os seus “ensinos” permearam e, ainda hoje, permeiam a vida de milhares de pessoas. É interessante que o homem, assim como a mulher, foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27), mas Deus define Adão como “líder” ao mandá-lo cuidar do jardim, dirigindo-se diretamente a ele (Gn 2.15-17). Podemos ver isso mais claramente em Romanos, quando o livro apresenta Adão como representante da humanidade (Rm 5.12, 18). Assim como Adão, após o pecado todos os homens se tornaram corrompidos. Dentre várias coisas que se perderam, a liderança foi uma delas. Há vários textos na bíblia que deixam claro a liderança masculina (1Pe 5.1-4; Tt 1.6-9; 1Tm 3.2-7; 1Tm 5.17). Mas por culpa da falta de amor por Deus, também da preguiça em amar e servir aos outros, estamos deixando de lado a liderança. Há muitos filhos crescendo sem um referencial de pai. Jovens caminhando sem um referencial de homens/líderes. A igreja tem perdido o seu referencial masculino e ao invés de homens, temos meninos sendo formados. Pessoas, em grande parte com idade avançada, mas que seguem uma ideologia frágil como a de uma criança. São guiados por desejos próprios, e não segundo um direcionamento bíblico. Nós devemos olhar para a forma como Cristo conduziu, investiu e instigou pessoas, para que sejamos líderes conforme a própria bíblia pede. Saíamos da nossa zona de conforto e entremos na zona de mudança, para que sejamos líderes que caminham com o foco na cruz, humilhando-se e inspirando pessoas a fazerem o mesmo.
ÍNTEGRO
Integridade é algo que Cristo prezou em toda a sua vida aqui na terra. Ele se manteve puro e santo. Talvez pensemos nisso como algo muito longe de nós, mas o próprio Paulo, em 1 Timóteo 3.1-13 e Tito 1.6, traz um termo que como homens (líderes) devemos buscar. Ele nos convida a sermos irrepreensíveis. Muitos acham que aqui, Paulo está se referindo a pessoas que não pecam, mas como o Pr. Davi Merkh bem coloca em seu livro “Homem Nota 10”, vemos que “... ‘irrepreensível’ não significa perfeito. O foco está no tipo de caráter de um homem íntegro que, se erra, admite o erro; se peca, confessa o pecado; se deve algo, acerta as contas; e, se ofende, restaura relacionamento (cf Pv 28.13).”[1]
Como homens, outra característica nossa é sermos orgulhosos e teimosos. Queremos tudo do nosso jeito e segundo as nossas vontades. Mas Cristo nos convida a deixarmos o velho homem, ou seja, nossas vontades e prazeres próprios, e a nos revestirmos do novo homem, o qual representa aquele que busca a vontade de Deus (Ef 4.22-24). Para que esse processo fique cada vez mais evidente, Paulo diz que precisamos renovar o espírito do nosso entendimento (Ef 4.23), sendo assim, precisamos buscar a Deus por meio de sua Palavra, tendo uma vida de oração que nos deixe cada vez mais sensíveis à vontade dele. Isso nos tornará irrepreensíveis, pois nos fará cada vez mais sensíveis às críticas, e abertos à transformação progressiva da santidade. Nós precisamos entender que o viver é Cristo (Fp 1.21), porque se assim for, abriremos mão do nosso “eu” pecador e buscaremos ser, cada vez mais, parecidos com o exemplo de Cristo.
CONCLUSÃO
Temos que pensar se estamos dispostos a seguir tendências do mundo, ou aos propósitos eternos de Deus. Davi, o qual é lembrado como o homem segundo o coração de Deus (At 13.22), não foi um homem perfeito. Ele cometeu grandes pecados. Mas, o que dá a ele a honra de ser reconhecido de tal forma, era a busca pela vontade de Deus. Após pecar com Bate-Seba, ele reconhece seu pecado diante de Deus e se arrepende (Sl 51). Nós temos que reconhecer que temos pecado, que não temos sido homens de verdade.
Cristo nos mostra que através do amor, estaremos cada vez mais atentos às necessidades das pessoas ao nosso redor, dispondo-se a servi-las de um modo a deixar claro, por meio de nossas ações, que é Deus quem está nos guiando, assim seremos homens íntegros. Alguém pecador, mas que caminha em santidade, sendo ensinado a cada dia (Tt 2.12) a ser um HOMEM, segundo o exemplo de Cristo. Ser homem não é impor medo para que as pessoas nos respeitem, mas é amar tanto a Deus que elas nos seguirão, pois sabem que nós temos capacidade para guiá-las na mesma direção para onde estamos caminhando!
Que sejamos homens bíblicos, comprometidos com o Evangelho, com o serviço e com a liderança da igreja de Cristo e não meninos, guiados por sentimentos vazios que não apontam para Cristo, mas para nós mesmos!

http://www.jovemcrente.net/

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O QUE É A IGREJA?

A igreja é a comunidade dos crentes em Cristo (Ef 1.1), comprada, fundada, protegida, edificada e dirigida por ele (Mt 16.18; At 20.28), que se reúne para cultuar o Deus Trino (At 13.1-2), sustentar com firmeza a verdade revelada (1Tm 3.15), observar as ordenanças do Senhor (batismo e ceia), nutrir uma amorosa, edificante e pura comunhão entre os irmãos (At 2.42-47) e proclamar a salvação ao mundo (1Pe 2.9), tudo com o propósito final de promover a glória de Deus (Ef 3.21).
A igreja também pode ser definida como o grupo de eleitos reunidos e organizados numa determinada localidade (1Pe 1.1) que, tendo a Sagrada Escritura como autoridade máxima (2Tm 3.16) e sob a influência do Espírito Santo, promove a expansão geográfica, numérica e cultural do Reino de Deus neste mundo (At 9.31).  
Algumas Ressalvas:                
1. A igreja não é um edifício religioso. 
Numa forma popular e corriqueira de entender a palavra “igreja”, ela se refere a um prédio com características arquitetônicas e decorações religiosas. Esse, contudo, não é o sentido da palavra “igreja” no Novo Testamento. Ali seu significado é simplesmente assembléia de crentes, sem qualquer indicação do local físico em que essa assembléia se reúne. 
2. A igreja bíblica não tem um templo considerado como lugar sagrado. 
No Antigo Testamento havia o templo judaico onde os adoradores realizavam seus atos cultuais (Sl 5.7). No Novo Testamento, porém, não há nenhuma construção que possa ser considerada como um lugar sagrado de adoração. Os templos no NT são a comunidade dos salvos (1Co 3.16-17; 2Co 6.16; Ef 2.22; 1Pe 2.5) e os corpos dos crentes, onde o Espírito Santo habita (1Co 6.19). Jesus mesmo ensinou durante o seu ministério terreno que a época de adorar a Deus num lugar sagrado havia chegado ao fim (Jo 4.21-24). Por isso, os crentes da igreja primitiva não se preocupavam com a construção de santuários e, geralmente, se reuniam nos lares (At 20.20; Rm 16.5; Cl 4.15). 
3. Nem todas as comunidades evangélicas são igrejas no sentido bíblico. 
O nome “igreja” é usado por muitos grupos que nada tem que ver com essa instituição edificada pelo Senhor Jesus Cristo. Para que seja igreja de fato, uma comunidade tem que, basicamente, ser composta por crentes genuínos, o que não se verifica em grande parte dos grupos que se apresentam como evangélicos (Veja acima as definições de igreja). Estes, na maior parte das vezes, são formados por pessoas interessadas em milagres, curas e bênçãos materiais, sem jamais se preocupar com o perdão dos pecados e a vida de santidade em oposição ao mundo. O próprio Senhor Jesus disse que no dia do juízo rejeitará pessoas assim (Mt 7.21-23).
4. Nenhuma igreja pode se apresentar como a única verdadeira. 
A igreja de Cristo está espalhada pelo mundo em inúmeros núcleos locais dos mais diversos tamanhos, com características peculiares a cada um e pertencentes a diferentes denominações. Na medida em que essas comunidades anunciam a salvação unicamente em Cristo, ou seja, o evangelho bíblico, todas elas são verdadeiras. Quando, porém, uma comunidade específica se apresenta como a única válida, está com isso desprezando a obra salvadora de Deus através de outras igrejas em milhões de corações ao redor do mundo. Pior ainda: uma igreja assim cairá no erro de se ver como um caminho adicional para o céu, além do único caminho que é Jesus Cristo (Jo 14.6). Isso fará dela uma seita, pois, na maior parte das vezes as seitas heréticas se apresentam como as únicas detentoras das chaves do céu, sendo impossível, segundo elas, alguém ser salvo se não fizer parte de seu movimento.
5. Nenhuma igreja pode se apresentar como a melhor entre todas as demais. 
As igrejas locais apresentam diferenças entre si na sua forma de funcionamento, detalhes relativos à adoração, ênfases variadas e outras questões. No entanto, nenhuma pode apresentar-se como a melhor entre todas as outras, pois essa atitude mostra desprezo pelo que Deus tem feito nas inúmeras igrejas locais existentes e revela um orgulho cego, incapaz de enxergar as próprias imperfeições e defeitos (Ap 3.17). Ademais, o crente que estiver convencido de que pertence à melhor igreja que há, dificilmente conseguirá se adaptar a outra, caso tenha que se mudar. Sua atitude será de comparação e de depreciação em face da nova igreja e isso poderá conduzi-lo ao abandono da comunhão dos santos, o que a Bíblia reprova (Hb 10.25; 1Jo 1.7). Por isso, todo cristão deve reconhecer o valor intrínseco da igreja espalhada pelo mundo, jamais considerando aquela de que é membro como superior às demais e rejeitando essa atitude como pecaminosa.

IBR – Marcos Mendes Granconato